Mello nega atuação política do BC após dizer que não há justificativa técnica para juros altos

Florys Arutzman
Florys Arutzman

Para secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, assim como o BC avalia a política fiscal, é natural que sua secretaria também faça análises sobre a política monetária

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou na tarde desta quarta-feira (19), que “nunca diria” que a atuação do Banco Central é política pouco depois de dizer que não havia justificativa técnica para a manutenção do juros no Brasil no patamar atual. Desde agosto de 2022, a Selic está fixada em 13,75% ao ano e a expectativa do governo e mercado é de que o ciclo de cortes se inicie na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto.

“Nunca diria que a atuação do Banco Central é política”, respondeu Mello durante entrevista coletiva do Boletim Macrofiscal nesta tarde após ser questionado sobre outra afirmação feita durante a apresentação. Mais cedo, ele havia afirmado que “não há nenhuma razão técnica para a taxa de juros do Brasil estar no patamar atual”.

Desde o início do ano, há uma pressão do governo para a queda da taxa de juros, movimento endossado também por empresários. A avaliação é de que o movimento contracionista da autoridade monetária está afetando o desempenho da economia e restringindo muito o acesso ao crédito num momento em que a inflação está ficando sob controle, com possibilidade de ficar até dentro do limite superior da meta estipulada para 2023. Mello lembrou, por exemplo, a forte queda nas expectativas de inflação ao longo dos últimos dois meses e destacou a projeção de deflação do IGP-DI apresentada no Boletim Macrofiscal.

“Não estou insinuando, de forma alguma, atuação política do Banco Central”, reiterou. Mello ainda frisou que não tinha intenção ou pretensão de influenciar na decisão sobre a condução da política monetária do BC, mas que fazia uma constatação com dados.

Para Mello, assim como o BC avalia a política fiscal, é natural que sua secretaria também faça análises sobre a política monetária em que “não há críticas, nem sugestões, mas constatações” sobre o tema. Ele ainda frisou que o Ministério da Fazenda mantém ótimas relações, lembrando que isso vale para antigos e novos diretores. A afirmação faz alusão a Gabriel Galípolo, ex-número 2 da Fazenda que tomou posse como diretor de Política Monetária do BC na semana passada.

O secretário ponderou que sua avaliação está calcada na análise, sobretudo, de variáveis macrofiscais, mas que o BC avalia outros quesitos para fixar a taxa de juros. Ele justificou os comentários sobre a taxa de juros lembrando que isso afeta a condução da política econômica.

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