Uma em Cada Três Crianças Tem Perfil Aberto em Redes Sociais

Florys Arutzman
Florys Arutzman

Uma pesquisa recente realizada pela Unico e pelo Instituto Locomotiva revelou que uma em cada três crianças no Brasil possui perfis abertos em redes sociais. Os dados foram divulgados em 28 de janeiro de 2025, coincidentemente no Dia Internacional da Proteção de Dados. O levantamento, que envolveu 2.006 responsáveis por crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, mostra que essa situação é preocupante, pois permite que qualquer pessoa visualize as postagens e interações dessas crianças. Essa realidade levanta questões sobre a segurança e a privacidade dos jovens na internet.

O caso de Clara Santana, de 10 anos, é um exemplo que ilustra essa tendência. A menina, que vive em São Paulo, mantém seu perfil em redes sociais como Instagram e Snapchat totalmente aberto, permitindo que qualquer um possa ver suas postagens. Sua mãe, Suzana Oliveira, expressa preocupação com essa situação, já que a filha não precisa de autorização para que estranhos acessem suas informações. Essa falta de controle sobre a privacidade online é um tema recorrente entre os pais que se preocupam com a segurança de seus filhos na internet.

A pesquisa revelou que 47% das crianças e adolescentes não controlam quem as segue nas redes sociais, o que aumenta o risco de interações com desconhecidos. Essa realidade gera ansiedade e estresse nas famílias, como no caso de Suzana, que tenta monitorar as atividades da filha. Apesar de suas tentativas de limitar o tempo de tela e controlar o uso do celular, a pressão social e a busca por validação nas redes sociais têm causado problemas emocionais, como crises de ansiedade e mau humor.

Diana Troper, diretora de proteção de dados da Unico, alerta que o percentual de crianças com perfis abertos é alarmante. As informações acessíveis publicamente podem ser exploradas por pessoas mal-intencionadas, aumentando o risco de crimes e fraudes. Embora 89% dos pais acreditem estar preparados para proteger a privacidade de seus filhos, 73% desconhecem as ações que podem levar a vazamentos de dados. Essa desconexão entre percepção e realidade é um desafio que precisa ser abordado.

A pesquisa também revelou que 75% das crianças e adolescentes brasileiros têm perfis em redes sociais, e 61% compartilham informações pessoais, como fotos e localizações. Essa exposição excessiva pode criar um “mapa de vulnerabilidades” que pode ser explorado por fraudadores. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece que informações em perfis abertos não devem ser coletadas sem consentimento, mas muitos pais não estão cientes dessa legislação e de suas implicações.

A conscientização sobre os riscos associados ao uso das redes sociais é fundamental. Os organizadores da pesquisa destacam que abrir links ou anexos de e-mails sem verificar a procedência, usar redes públicas de Wi-Fi e repetir senhas em várias contas são práticas arriscadas. A educação digital é essencial para proteger as futuras gerações no ambiente online. Diana Troper recomenda que os perfis sejam mantidos fechados para evitar exposições perigosas.

Na casa de Keila Santana, de 47 anos, a situação é diferente. Ela monitora de perto o uso das redes sociais por seus filhos, Pedro, de 13 anos, e Clara, de 10 anos. Pedro tem acesso limitado às redes sociais e utiliza o celular apenas para conversar com amigos. Keila acredita que esse acompanhamento é um desafio, mas necessário para proteger seus filhos dos conteúdos prejudiciais que podem encontrar online.

Luciana Alencar, outra mãe preocupada, expressa receio em relação ao tipo de informação que seus filhos recebem nas redes sociais. Ela teme que seus filhos se tornem replicadores de discursos preconceituosos e que a exposição a conteúdos negativos os afete. A educação sobre diversidade e respeito é uma prioridade em sua casa, e ela se esforça para garantir que seus filhos não sejam influenciados por mensagens de ódio e discriminação.

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