Falar sobre ESG virou lugar-comum. O termo está nas apresentações de investidores, nas redes sociais de empresas e nos discursos de líderes que querem se mostrar atualizados. Mas na prática? Pouca gente está fazendo ESG com profundidade. E menos ainda com solidez.
O problema é simples: sem base financeira, ESG vira só narrativa. Com base, vira estrutura.
É por isso que Robson Gimenes Pontes, especialista em planejamento e modelagem corporativa, defende que o setor financeiro tem que ser protagonista — não coadjuvante — na agenda ESG.
“ESG não se faz com boas intenções. Se faz com alocação de recursos, controle de impacto, previsibilidade orçamentária e acompanhamento de indicadores”, afirma. Segundo ele, muitas empresas criam comitês, contratam consultorias e publicam relatórios, mas esquecem de construir a espinha dorsal que vai sustentar essas ações quando o holofote sair.
Robson atua ao lado de negócios que buscam transformar metas ESG em plano executável. E sempre começa da mesma pergunta: quanto custa a transformação? E o quanto ela entrega de valor real?
Na visão dele, ESG bem feito exige a presença direta do time técnico no planejamento. São os profissionais de finanças que:
- Calculam o custo real de projetos ambientais, de inclusão ou de governança;
- Determinam viabilidade de longo prazo sem comprometer a saúde do negócio;
- Garantem que os indicadores ESG estejam integrados ao DRE e não apenas ao relatório institucional;
- Param de ver ESG como custo e começam a tratá-lo como investimento de impacto controlado.
“Você pode plantar árvore, fazer campanha de diversidade e revisar contratos com fornecedores. Mas se nada disso estiver atrelado ao orçamento, ao fluxo de caixa e à governança real, vira maquiagem institucional”, provoca.
Robson lembra ainda que os fundos e investidores mais sérios já perceberam isso. “O mercado está amadurecendo. Hoje, o que pesa não é o post sobre ESG, mas a capacidade de sustentar essas ações em ciclos econômicos adversos. E quem faz isso é o setor técnico, não o branding.”
Ele reforça que não se trata de excluir comunicação da agenda ESG — mas sim de garantir que o discurso esteja respaldado. “Nada mata uma reputação mais rápido do que a incoerência. E o financeiro é o único setor que consegue garantir que a empresa está realmente fazendo o que promete.”
Autor: Florys Arutzman