Pobreza Excessiva nos EUA: Um Contraste com a Riqueza Nacional

Florys Arutzman
Florys Arutzman

Quase 40 milhões de pessoas vivem na pobreza nos Estados Unidos, representando 10% da população. Esse número é significativamente maior do que em países como Canadá, Coreia do Sul e Alemanha, o que é surpreendente para a economia mais rica do mundo.

A situação foi destacada em uma recente reportagem da NPR, que contou com a participação de Matthew Desmond, professor de Princeton e autor do livro “Poverty by America”. Desmond, vencedor do prêmio Pulitzer, discute a persistência da pobreza nos EUA, um país com um passado escravocrata e uma longa história de desigualdade.

A NPR não se propôs a recontar toda a história das carências materiais nos EUA, mas focou nos momentos em que a pobreza ganhou visibilidade política. Após a Segunda Guerra Mundial, a pobreza persistiu mesmo com o pleno emprego, desafiando a ideia de que era apenas um estágio temporário na vida dos trabalhadores.

Nos anos 1960, o presidente Dwight Eisenhower fez o primeiro apelo contra a pobreza, mas foi Lyndon Johnson quem implementou medidas concretas em 1964, como o “Food Stamp”, um programa de cupons para alimentos. Mollie Orshansky, economista que assessorava Johnson, definiu a pobreza como a condição de quem gastava um terço ou mais de seu orçamento em alimentação.

A partir dos anos 1990, um novo índice substituiu o de Orshansky, incluindo despesas com saúde, pensões e moradia. Esse índice, conhecido como Tanf (Ajuda Temporária para Famílias Carentes), é usado até hoje. Sem ele, a proporção de pobres nos EUA seria ainda maior.

No entanto, a gestão desses recursos federais pelos estados é frequentemente inadequada. Desmond aponta que não há controle rigoroso sobre como o dinheiro é gasto, permitindo que verbas destinadas à pobreza sejam usadas para fins não relacionados, como colônias de férias cristãs ou aconselhamento pré-conjugal.

Além disso, incentivos fiscais para a compra de imóveis, que deveriam ajudar famílias carentes, muitas vezes beneficiam proprietários de residências secundárias e até iates. Esses incentivos custam aos cofres públicos US$ 26 bilhões por ano, mas a maior parte desse valor não chega às famílias que realmente precisam.

A reportagem da NPR e as análises de Desmond revelam uma realidade preocupante: apesar de ser a economia mais rica do mundo, os Estados Unidos ainda enfrentam desafios significativos na luta contra a pobreza, com políticas que muitas vezes falham em alcançar os mais necessitados.

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