A economia brasileira frente à instabilidade mundial

Florys Arutzman
Florys Arutzman

Em sua última reunião, dia 31 de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a política de redução da Selic, estabelecida desde agosto do ano passado. O Comitê reduziu, pela quinta vez consecutiva, a taxa básica de juros em 0,5%. A taxa ficou em 11,25% ao ano. Mas a ata publicada em 6 de fevereiro alerta sobre um longo caminho a percorrer para que haja “ancoragem das expectativas e retorno da inflação à meta”. Isso, contudo, “exige serenidade e moderação na condução da política monetária”.

Como é do conhecimento de todos, a inflação acumulada em 2023 fechou em 4,62%, dentro do intervalo de tolerância de 1,5% (para mais ou para menos) da meta estabelecida, que era de 3,25%. O Comitê afirma que os recentes indicadores da atividade econômica seguem alinhados com o cenário esperado de desaceleração da economia; que, embora o crescimento econômico seja moderado, o consumo das famílias continua resiliente, e o mercado de trabalho, aquecido. Por isso o Copom antevê a continuidade de redução da Selic no mesmo nível atual.

As expectativas sobre a economia mundial continuam razoáveis, apesar de fatores de risco como: guerras Rússia x Ucrânia; Israel x Hamas; e a instabilidade social assolando vários países europeus, por causa das imigrações ilegais. À exceção da Zona do Euro, cujo PIB deverá crescer em 2024, as demais crescerão menos, mesmo com inflação e juros menores.

Segundo o Banco Mundial, as commodities (comercializadas em bolsas) serão estabilizadas, mas soja e minério de ferro, muito relevantes para as exportações brasileiras, reduzirão seus preços.

Em contrapartida, nossas importações serão beneficiadas com a redução nos preços dos fertilizantes. De maneira geral, em 2023, houve maior crescimento do que o esperado, em torno de 2,7%, para a economia global.

Em 2024, esse percentual deverá reduzir para 2,3%, abaixo da taxa pré-pandemia, que foi de 3,0%, informa o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas para 2024, publicado pelas Nações Unidas. Portanto a ONU prevê redução na economia mundial no curto prazo. O bom desempenho de 2023 ocultou as atuais vulnerabilidades.

O relatório sinaliza também um período prolongado de condições creditícias rígidas e custos financeiros mais elevados. Isso dificultará o avanço da economia global. Assim, para avançar em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para segurança alimentar, da ONU, serão necessários mais investimentos que estimulem o crescimento, além do combate às mudanças climáticas.

As previsões para a América Latina não são animadoras. O PIB da região tende a crescer apenas 1,6% no ano de 2024, contra 2,2% registrado em 2023.

Não obstante o recuo da inflação em vários países, os fracos investimentos e espaço fiscal limitado prejudicam o enfrentamento dos desafios sociais na região. No Brasil, a projeção é de que o PIB se reduza de 3,1% para o mesmo patamar latino-americano (1,6%), por conta do impacto prolongado das altas taxas de juros e da desaceleração da demanda externa.

O mercado imobiliário, no entanto, impulsionado pela evolução tecnológica, novos padrões de consumo, queda dos juros e acessibilidade ao crédito, continuará crescendo no ano de 2024.

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